Barbo
Curiosidades
Barbo leva uma carreira de experimentação e descobertas
abril 30, 2019portalundergroundbrasil@gmail.com
Em entrevista, ele nos conta um pouco sobre sua trajetória e projeto com a esposa, o Duotone
Existem artistas que seguem fielmente um estilo sonoro e cravam sua bandeira em uma linha de som específica. Por outro lado, também existem aqueles que sim, seguem uma coerência na construção musical, mas que apostam em momentos de experimentação e causam surpresa no público que está a sua frente. Victor Schmitt aka Barbo é um deles que se encaixa neste perfil.
Existem artistas que seguem fielmente um estilo sonoro e cravam sua bandeira em uma linha de som específica. Por outro lado, também existem aqueles que sim, seguem uma coerência na construção musical, mas que apostam em momentos de experimentação e causam surpresa no público que está a sua frente. Victor Schmitt aka Barbo é um deles que se encaixa neste perfil.
Na pista, o DJ natural de Santa Maria apresenta um som sempre dinâmico, com influências que variam do house e do techno até abordagens mais indies. Em paralelo, mantém seu projeto ao lado de Bruna Paz, o Duotone, onde as referências de cada um se encontram e formam uma interessante combinação musical. Falamos com ele em entrevista exclusiva, confira!
Olá, Barbo! Muito obrigado por conversar conosco. Conta pra gente, primeiramente, como surgiu sua paixão pela música eletrônica?
Olá, pessoal! Eu que agradeço pela conversa, sempre bom falar pra tanta gente com interesses em comum. É difícil lembrar exatamente. Quando eu era mais novo - bem mais novo - me recordo de frequentar duas festas com propostas diferentes, uma delas chamava-se Viptronic, lembro da figura do DJ me chamar a atenção, mas na época eu não entendia nada. A outra festa era a Trancedelic, uma vibe completamente diferente, na beira de um rio, high BPM, e eu gostava muito da forma como a pista se entregava ao som.
Acabei ficando vários anos afastado por diversos motivos, mas em 2015 a agência que eu tinha começou a atender o Aruna, um club novo e bem legal que abriu em Santa Maria. A partir daí voltei com tudo, ouvi coisas que me chamaram a atenção e me levaram a buscar mais informação sobre DJs, produtores, estilos, etc. De lá pra cá é incrível o quanto a gente consegue evoluir, entender melhor e refinar o próprio gosto musical. Acho que foi a partir disso que aquela identificação virou, de fato, uma paixão.
Você tem passado por alguns momentos de “experimentação” durante a carreira. Hoje, além de se apresentar sozinho, você realiza gigs ao lado da sua esposa no Duotone. Como é o equilíbrio entre esses dois projetos?
Pessoalmente penso que experimentação sempre vai fazer parte da minha carreira, gosto de misturar estilos e de transitar entre eles de uma maneira que seja interessante para mim e para a pista. Hoje tocar com o Duotone ficou mais complexo do que era no começo, pois expandimos o nosso leque de pesquisa e temos tocado muito mais com os nossos projetos paralelos, o que torna a coisa ainda mais interessante.
A cada track aparece um "e agora?!” diferente. Ainda estamos trabalhando em identidade e acho que leva um tempo até conseguirmos equilibrar bem cada uma dessas frentes, mas vai rolar. Esse é um projeto que tratamos com muito carinho por conta das oportunidades que tivemos e acredito que ele ainda vai evoluir muito.
Você tem tocado algumas vezes em Santa Maria, local onde você já possui uma receptividade muito boa do público, certo? Quais são os pontos positivos que você enxerga da cena local?
Tocar em Santa Maria é incrível! Nós nascemos e crescemos lá, Duotone nasceu lá e a receptividade que temos cada vez que voltamos é maravilhosa. Foi muito bom tocarmos juntos na primeira gig que tivemos alguns dias atrás na cidade, mostrar uma evolução de som e, nas outras gigs, tocar com os projetos solos e apresentar propostas distintas. Santa Maria tem uma cena underground muito consistente e percebemos que novos públicos surgem aos poucos.
Outro ponto positivo é a quantidade de produtores de eventos, todos em franca evolução e preocupados em entregar uma experiência positiva ao público. Vejo que eles pensam além da monetização e se preocupam em criar marcas fortes e sólidas. Mas a maior vantagem da cena Santa-mariense, pra mim, é a proximidade, afinidade e a empatia do público, todo mundo que toca lá se apaixona pela receptividade e pelo amor que o nosso povo tem pela música.
Além da carreira profissional, você precisa conciliar sua vida com outra profissão muito importante: a de pai. Como a proximidade com a família ajuda no seu lado artístico?
Ser pai é uma experiência sensacional e tem influenciado na minha carreira desde a gravidez. Eu sou muito emotivo e essa mistura de sentimentos funciona, muitas vezes, como combustível para minha criatividade. Lembro de ter postado um stories do segundo ultrassom, logo no começo, e o Trommer respondeu dizendo: “Usa toda essa emoção e vai fazer música”, e daí nasceu a Niño, faixa lançada pela Estufa Records como Duotone. Hoje o Vini tem quase 5 meses e além da influência emocional tem também a do foco. Foco para o trabalho render a cada soninho dele [risos].
Falando mais sobre suas apresentações, quais são as principais influências que você traz como Barbo? Você gosta de um som mais dinâmico, certo? O que mais pode ser destacado?
Sim, gosto muito de um som dinâmico, objetivo e com pitadas de “nóia”. Desde antes de tocar eu sempre prestei muita atenção na pista e no que gera um sentimento positivo. Percebi que a mudança gera um retorno legal, a quebra, por isso busco variar os estilos, tocar breaks mais curtos, mas gosto de ter um momento “cabeça” mais introspectivo dentro do set para dar uma respirada.
Tenho várias influências que quase sempre estão nas minhas playlists, como Red Axes, Cowboy Rhythmbox, Sanfuentes, Jensen Interceptor, também tem uma galera que faz um som mais downtempo como Javi Redondo, Boot & Tax, Iñigo Vontier, Moscoman, Roe Deers e por aí vai. Tento não me prender muito mas estou sempre atento nos lançamentos deles porque sei que vem coisa boa.
Se você pudesse escolher um artista para realizar um b2b, quem seria e por quê?
Tem muita gente boa por aí. Meu primeiro impulso foi responder Rødhåd, a gente até fica parecidos nas fotos [risos]. Mas em questão de som eu escolheria o RHR, admiro muito o trabalho dele, acho dinâmico, pra frente e gosto da postura que ele tem adotado. Seria um desafio bem grande acompanhar, mas também acho que abriria muita possibilidade de experimentação nesse set.
E quais são seus planos para crescer profissionalmente? Você pretende produzir novas faixas ou seu foco principal será a discotecagem? Obrigado pelo bate-papo, Barbo!
Pretendo seguir como DJ por conta da energia, da troca com a pista e da experiência que se ganha com isso, mas tenho cada vez mais me organizado para dedicar um tempo especial para a produção e executar tudo o que eu tenho no plano das ideias, torná-las tangíveis, apresentar isso pra pista e ver o que acontece. Tenho buscado construir uma rotina consistente de produção e ver até onde o som pode chegar. Muito obrigado pela conversa, pessoal. Espero que seja tão bom pra vocês quanto foi pra mim.
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